Crise cria 'candidatos órfãos' #matériajornal
- Aurízio Freitas
- 17 de set. de 2016
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de mai. de 2022
João Conrado Kneipp - Região | 17/09/2016-17:44:29 Atualizado em 17/09/2016-17:44:24
O impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e a entrada de Michel Temer (PMDB) forçam uma mudança no discurso dos candidatos nestas eleições municipais. Na visão de consultores políticos, a tendência é que seja cada vez mais frequente o foco dos debates locais, levando a um esquecimento proposital dos "apadrinhamentos" por figurões da política nacional e os imbróglios políticos envolvendo a capital federal, formando "candidatos órfãos" - sem padrinhos.

Por envolver somente a escolha de prefeitos e vereadores, o caráter destas eleições normalmente é municipal. Contudo, isso tende a se acentuar, com o candidato buscando fazer o eleitor "esquecer" o processo passado em Brasília, apontam analistas.
"Uma estratégia, principalmente em municípios de interior, é priorizar a discussão local, não priorizando tanto essa discussão nacional, que seria o comportamento tradicional. Esses partidos da base da ex-presidente têm discutido mais o tema local e, quando toca no nacional, faz o discurso do processo de crítica ao impeachment", afirmou o consultor político Aurízio Freitas.
O também consultor político Alexandre Bandeira segue a mesma tese. "A tônica dos programas e debates será mais nos assuntos 'paroquiais'. É se escola tem professor, saber se as rodovias estão bacanas, se os índices de criminalidade estão aumentando ou não", afirmou.
Freitas aposta que o impacto do impeachment será mais sentido pelos partidos de esquerda nas eleições em grandes conglomerados urbanos do que nas pequenas cidades. "Nas capitais e grandes cidades, a tendência de desgaste do PT será bem maior (...) pelo maior senso crítico, maior organização partidária. No centros urbanos, o eleitor quer saber qual é o partido dos candidatos, qual o alinhamento politico nacional e etc. Não que nas pequenas cidades não terá (desgaste), mas será menos intenso", avaliou.
A mudança de discurso e distanciamento da esfera federal, no entanto, não afetarão apenas os candidatos de partidos da esquerda, acredita Freitas. "Eventualmente, um ou outro candidato tem citado o fato de ser do PMDB como algo que facilite o acesso ao governo federal, mas não representa uma vantagem, na minha visão, pelo governo Temer ser de transição, de ajuste".
SEM FOTOS
Para o diretor da ABCOP (Associação Brasileira de Consultores Políticos) da regional do Distrito Federal, essa distância criou alguns candidatos "órfãos". "Não vemos na campanha aquele pensamento de 'vou colocar minha foto com o Temer ou com a Dilma porque posso ganhar votos com isso'. Eu chamo de 'candidato órfão', que não tem mais padrinhos e tem que valorizar as suas qualidades", avaliou Alexandre Bandeira.
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Fonte: Publicado no Jornal Todo Dia (Campinas-SP), edição de 18/09/2016.
(http://portal.tododia.uol.com.br/_conteudo/2016/09/caderno/elei_es/120183-crise-cria-candidatos-orfaos.php)
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